27 de novembro de 2013
Caminhamos para completar um ano da gestão do PCdoB e dos vários partidos aliados na administração pública de Contagem (MG). Fazendo um pequeno regresso histórico, a cidade vinha de oito anos de um governo que se dizia popular e pouco avançou em relação à popularização e democratização da cultura, a criação de politicas publica estruturantes para o setor e para promoção do debate em torno do tema. Ficamos sete anos sem conferencias de cultura e a FUNDAC – Fundação de Cultura de Contagem, foi criada nos últimos meses de mandato da Prefeita Marilia (PT), como que para fazer campanha no período eleitoral. Com um estatuto ultrapassado, a fundação foi criada, e ao assumir a nova gestão, Carlin Moura fez apenas, implementar o descaso e legitimar a tragédia histórica reservada ao setor cultural.
Sem realização de concurso, ignorando o movimento cultural com o qual dialogava antes de se eleger e prometia promover debates para avançar significativamente. A cultura que era "mais do que prioridade, foi o setor onde Carlin, nomeou e realocou um corpo gestor , que hoje se revela completamente incompetente, da presidente Renata Lima, aos assessores.
- A atual gestão continuou seguindo na lógica dos grandes eventos, promovendo atrações que garantam visibilidade e o marketing governamental. No que se refere à questões estruturantes nada de concreto foi feito. Gasta-se muito com megaestruturas de eventos e nunca se tem verba para apoiar os artistas, ou para estruturar os poucos espaços culturais públicos da cidade e cursos de formação com qualidade.
- A conferencia de cultura foi realizada de maneira truculenta, os delegados eleitos se posicionaram a favor do poder público, votando inclusive em proposta de orçamento inferior para cultura. Os suplentes não foram comunicados ou convocados para a conferencia estadual. A conferencia municipal, durou apenas um dia, com muito tumulto, atropelando um acumulo de mais de 7 anos sem discussão do setor junto ao poder publico. A necessidade de discutir a fundo os problemas foi completamente desrespeitada.
- A Casa de Cacos, patrimônio cultural da cidade, continua em situação lamentável, fechada e caindo os pedaços.
- O Centro Cultural do Petrolândia continua fechado e em condição deplorável. Um desrespeito com a comunidade que poderia estar tendo acesso a cursos de formação e a arte em sua própria comunidade.
- O Teatro da Casa Azul ficou mais de quatro meses ocupado por peças do Festival Abobrinhas. Sem edital publico e nenhuma transparência, os produtores deste evento, utilizaram o local, para promover peças do circuito mercadológico. Um festival sem edital de seleção de obras e sem critérios claros para participação dos artistas locais. Ou seja,. Nada de novo.
- A Galeria da Casa Amarela funciona também como sede administrativa da fundação de cultura. As exposições são limitadas. Não abre aos finais de semana e nem a noite, ou seja, uma galeria de arte numa cidade operaria, que só funciona no horário em que a maioria da população esta trabalhando.
- A Biblioteca Publica (Casa Rosa) única da cidade, também só funciona em horário comercial e não abre aos finais de semana.
- O Cine Teatro continua fechado, não sabe-se bem do tratamento que vem sendo dado ao patrimônio cultural e histórico existente no local - maquina de projeção antiga, rolos de filme, aparelhos de luz e som. Não há noticias sobre a reforma e sobre editais de ocupação do espaço.
- O Circuito Cultural realizado pela fundação de cultura, promove o populismo e mascara verdadeira realidade da cidade. Tudo vem sendo realizado sem transparência, não houve divulgação ou abertura de edital para contratação de serviços culturais. Em uma entrevista concedida ao Jornal O Tempo a presidente da fundação diz que artistas inscritos num cadastro cultural ja estavam sendo chamados para se apresentar - um cadastro, aqui parece cumprir função de licitação ou edital? A contradição fica explicita no seguinte trecho da entrevista: ...'Ela (Renata Lima) destacou ainda, o esforço da fundação para mapear as iniciativas culturais de Contagem. 'Desde julho já está disponível no portal da prefeitura um cadastro cultural, que é o primeiro passo para a publicação de um edital de credenciamento de artistas (?). Ele disporá de regras e valores para a contratação de serviços culturais por meio da Fundac. Além disso, alguns dos artistas que já se cadastraram, já foram selecionados e farão apresentações"... (Jornal O Tempo, PUBLICADO EM 09/08/13 - 10h19)
- O orçamento participativo é realizado com intuito de discutir os rumos da cidade e do orçamento da cidade junto à população. No entanto no mesmo período de sua realização a prefeitura também individuo a cidade, ao que parece não pensar nas gestões que possam vir futuramente. Dois empréstimos milionários que somam mais de 760 milhões de reais já foram feitos em menos de um ano de governo. Isso não foi discutido com a população e trará consequência ao setor cultural também.
- O Museu do Trabalhador será construído como contra partida fraudulenta ao impacto causado pela construção do Projetos Oasis, da empresa direcional. Se trata de um contra partida que se reverte a própria empresa ao ser utilizado para agregar valor as moradias que serão vendidas naquele local. Ou seja, não ha contrapartida, e sim apropriação do patrimônio publico, ambiental e histórico da cidade para promover a especulação imobiliária.
- Os recursos que a Fundação de cultura disse não tinha desde de o inicio do ano e que agora se configuram na realização de grandes eventos, poderiam estar sendo utilizados para potencializar os espaços que estão abandonadas, apoiar a arte local e investir em projetos de formação. Estaríamos num panorama bem diferente.
- O Conselho Curador da fundação de cultura não tem se reunido após a saída da sua presidente, e as decisões da fundação continuam sendo tomadas sem a existência desta instancia obrigatória.
Por essas e outras, vivemos um aprofundamento do quadro de descaso histórico com setor cultural, e consequentemente da negação do direito de acesso à cultura a para população. A fundação de cultura se resume cabide de empregos, em incompetência, em ausência completa de qualquer politica estruturante, em promover dialogo entre pescoço e guilhotina.
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