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Vamos falar sobre a violência na periferia e responsabilidade coletiva?

O que você tem haver com isso?

Periferias,vielas,cortiços,
você deve tá pensando,
o que você tem a ver com isso?
Desde o início,
por ouro e prata,
olha quem morre,
então veja você quem mata,
Recebe o mérito, a farda,
que pratica o mal,
Me vê, pobre, preso ou morto,
já é cultural
(Racionais Mc's).

De onde vem as armas que entram nas favelas? Nas favelas não exitem fabricas de armas e nem de munição. De onde vem a droga? Nas favelas não existem campos de plantação de maconha, nem laboratórios de refino. Agora a pergunta para quem vive fora das comunidades e olha com preconceito para o pobre: pra onde vocês acham que vai tanta droga que chega toda semana? Não são consumidas na favela, a droga que chega não fica na comunidade, primeiro porque os moradores não têm condições pra gastar com droga todo dia, segundo porque o montante que chega em uma semana demoraria meses para ser consumido no ritmo de consumo do povo pobre. Pra onde vai então? Vai pras faculdades? Pros bairros vai? Pras festinhas da classe média? Pro vicio do seu filhinho, do seu próprio vicio ou do seu amiguinho ou amiguinha? A discussão maior, não é essa eu sei, mas neste momento é necessária estas perguntas para colocar uma galerinha ai que olha para o favelado como suspeito no lugar. Cheios de ódio nas opiniões, enquanto toda sociedade contribui para a situação. Acham que a policia tem que ser hostil com as comunidades mesmo, pois é ali que vivem os bandidos, como se quem consome não tivesse parte nisso. Mas, é essa mesma policia que escolta a droga quando ela chega na comunidade. É tudo um joguinho sujo de poder entre forças politicas numa disputa constante por mercados. Por isso a pauta de legalização é urgente. A suposta guerra contra o trafico que reprime as comunidades é uma guerra por mercado, fora de controle. Então na boa, parem de defender ocupação de comunidade, parem de querer justificar essa realidade se você não a conhece de dentro, porque é preciso conhecer bem, não dá para ficar fazendo julgamento ou construindo opinião em cima de informações reproduzidas pela imprensa, nem pela academia. Comece a olhar o está falando quem vive em comunidade, ou melhor, o que estão gritando. Plantar maconha, montar um esquema para refirmar ou produzir a própria droga? O risco é grande e é bom que o risco continue nas comunidades mesmo. Não quero chamar atenção para a contribuição dada pelo consumo, mas sobre a hipocrisia de quem acaba legitimando ocupação e repressão policial nas favelas com opiniões vazias. É muito fácil quando não vive nessa realidade, mas a responsabilidade é coletiva e a discussão maior, passa pela omissão do estado, é um problema social, resultado histórico das distorções deste próprio sistema.

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