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Apoema Sarau Livre: poesia pra quê?

Por, Jessé Duarte

Este texto é uma contribuição reflexiva sobre uma ação cultural independente e seus desdobramentos para a cidade de Contagem, MG.


Contagem produz mais do que fumaça, só é preciso olhar através do fuligem abandonada pelas industrias.


Apoema, palavra da língua Tupi, significa: aquele que enxerga longe. 


Apoema Sarau Livre e a realidade cultural de Contagem



O “Apoema Sarau Livre” começou em 2013, tendo diante de si, o desafio de enfrentar as barreiras geradas por um contexto social marcado pelo abandono cultural histórico na cidade de Contagem. A população não encontrava opções de acesso a cultura, estabelecidas e desenvolvidas de forma continua. Quase sempre, restava apenas a escolha de migrar para Belo Horizonte em busca de alternativas. 

Contagem, é uma das maiores cidades de Minas Gerais, sendo a terceira mais rica e contraditoriamente uma das piores em qualidade de vida. No campo da cultura, a realidade marcada pelas politicas de vento e a falta de espaços contribui em muio para isso. O descaso na área sempre foi, e ainda é, um desafio latente para quem deseja pensar a cultura local: bibliotecas, teatros, cinema público, museu, galeria de arte e centros culturais estão em grande parte fechados e abandonados. Poucos espaços funcionam, são exceções localizadas na região central, abertos no horário comercial durante a semana e utilizados ao mesmo tempo, para atividades administrativas da Fundação Municipal de Cultura. Isso somado a realidade de uma população que esmagadoramente trabalha em fabricas e em outras cidades, mais a precariedade do transporte público e o alto preço das passagens, resulta definitivamente numa população alheia aos poucos espaços culturais da cidade.

Alternativas de luta



Nos últimos anos, a mobilização popular e as práticas compartilhadas exercitadas entre pessoas interessadas em pensar uma cultura independente e local, vem se tornando uma saída e uma forma de refletir a cidade não apenas sob a ótica do evento, mas também em suas dimensões históricas, sociais, politicas e estéticas. Muitas dessas formas se dão em grande parte, pelas ações estimuladas a partir de debates, encontros, seminários do FPC (Fórum Popular de Cultura de Contagem), um dos principais movimentos de luta pelo direito a cultura e a cidade, articulado desde 2009. 

Foi a partir de discussões levantadas em atividades do FPC, sobre tudo no F5 - Festival de Cultura independente de Contagem, que o Apoema começou. Como um desdobramento de práticas coletivizadas: era preciso ter alguma atividade independente realizada continuamente, voltada para o encontro entre o público e o artista local, onde fosse possível compartilhar e vivenciar a produção cultural oculta na cidade. 

A partir disso, um grupo composto por Jessé Duarte, Marcelo Dias, Andressa Pestilli, Ísis Gabriele, Rafaelle Marques e Tobias Santos Teixeira deram inicio e seguimento ao primeiro ano do Apoema Sarau Livre. Como uma construção em constante o movimento, o sarau consolidou seus objetivos na prática, sendo também um laboratório de descobertas positivas e negativas. Pode-se dizer que os objetivos do sarau passam por:
  • Estabelecer um espaço de livre expressão, contemplando as manifestações artísticas em sua diversidade de linguagens, em torno do universo literário.
  • Possibilitar um espaço de encontro entre público e artista, mantido e realizado em local público de forma continua, uma vez por mês.
  • Ser um espaço de referência para lançamento de livros e obras de artistas da cidade.
  • Sensibilizar a população para o gosto literário, a produção autoral e a livre manifestação de ideias.
  • Ser um espaço para divulgação de novos artistas.
  • Contribuir para o acesso e a democratização da literatura nacional, sobre turdo, de novos autores e de obras domínio público.
  • Realizar publicações de textos e obras de participantes do sarau.
  • Promover um espaço de formação e reflexão entorno do universo literário.
  • Criar e desenvolver projetos para dar vazão e incentivar a continuidade do que é apresentado no sarau. 
  • Ressignificar o uso do espaço público agregando função cultural e social em sua utilização.

Projeções e novos desafios



O Apoema é hoje, o único espaço na cidade, aberto ao compartilhamento de trabalhos artísticos de linguagens variadas. Mantido de forma continuada e ininterrupta ao longo de dois anos, é possível afirmar que o sarau teve seus objetivos alcançados e superados. Muito disso se deu devido a metodologia utilizada em sua organização, que possibilita o envolvimento de outras pessoas e movimentos; a independência do sarau em relação às politicas de mercado e ao constante exercício de informar e mobilizar o público sobre direitos culturais e sociais. 

De certa forma, essas características tornam o Apoema um sarau singular. São características fortes que permitam a liberdade de se colocar a serviço de uma cidade melhor, estando ao lado de movimentos e temáticas relacionadas a direitos humanos, gênero, orientação sexual, manifestações populares, meio ambiente etc. E nesse ponto, uma noite temática tem o aspecto muito importante de troca e formação, pois, um movimento ligado ao tema em questão sempre é convidado para participar da organização e apresentar os trabalhos da noite. 

Novas perspectivas



Com um público cada vez maior, o Apoema vem sendo marcado de noites com praça lotada e dezenas de inscrições de pessoas interessados em mostrar sua arte. Se no inicio o objetivo era ser um espaço de referencia para encontro entorno do universo literário, hoje o desafio é manter esse espaço vivo, conseguindo dialogar com o grande público que se reúne mensalmente na praça. Em algumas noites esse público ultrapassa o numero de 500 pessoas. O que exige uma maior organização, uma melhor estrutura e um melhor envolvimento com o público.

Hoje a comissão de organização do sarau conta com novos integrantes oriundos de seu próprio público. Jovens que fraquentam e participam assiduamente, divulgam e se reconhecem no espaço foram inclusos trazendo ainda mais força ao Apoema. A organização do Apoema atualmente é composta por: Jessé Duarte, Tobias Santos Teixeira, Daniel Paixão, Gabriel Vinícius, Gisa lopes, Yasmim Lírios e Lavínia Antônia. 


Diante dos desafios de um espaço independente de rua, o sarau busca se renovar criando mais espaços de participação e formas de sensibilização do público para a importância da literatura e da arte na sociedade atual, assim como, para a continuidade e resistência do sarau.


Já foi iniciado o “Apoema Nômade”, realizado em estações de metrô e em outros espaços públicos. E a partir de março, o sarau contará com uma “Feira de Livros" e o inicio de "Rodas de Conversa”. Sempre antes do sarau, começará a feira de livros e o público poderá conversar com um convidado sobre temas relacionados a literatura e a produção cultural independente. O objetivo é trazer professores, editores, artistas com obras publicadas e atividades consolidadas para compartilhar experiencias com o público e, consequentemente, colaborar para sua formação. 

Outros projetos também serão retomados e implementados como o “Jornalivro”, publicação que ajudará na divulgação do sarau e de novos escritores, além de trazer entrevistas e obras de domínio público, sobre turdo, da literatura brasileira.

Comentários

  1. Nunca tive enterse em ler um si quer livro foi a partir de um sarau aqui de sarzedo q despertou o meu enteresse em ler e escrever coisa q o governo não faz e o sarau faz Parabéns a todos

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  2. Nunca tive enterse em ler um si quer livro foi a partir de um sarau aqui de sarzedo q despertou o meu enteresse em ler e escrever coisa q o governo não faz e o sarau faz Parabéns a todos

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Obrigado Apoema Sarau Livre, pela imensa contribuição política e artística, que cresce como onda num leva e traz de desafios, conquistas e saberes compartilhados.

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  5. parabens plo texto Brother , bem formatado e bem explicativo espero que tenha um alcance gigantesco e pra quen não conheça o sarau o conheça!!!!!!!!!

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