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Mãos que sonham

E se das minhas mãos
soltassem palavras

de tudo eu não pude ter na vida?

Se das minhas mãos surgissem pinturas
da terra que nunca encontrei em nenhum mapa?

Se das minhas mãos que sempre estiveram prontas
para dar carinho
saíssem violentas impressões
e se fechassem gerando abandono?

Escorrem em minhas mãos
milhares de oportunidades
chaves  e vontades
esfregam-se saudades.

Vez ou outra elas se batem
na espera de que portas se abram
por finais anunciados
em um espetáculo qualquer da vida.  

Se dessas mãos saíssem molduras,
formas, esculturas ou partituras...

Se delas não saíssem apenas
a pele que se esfola nos dias
no dinheiros que antes mesmo de ter
corre e escorre nos dedos sem ver

Se essas mãos fossem livres de obrigações
pudessem escolher no que tocar
tocaria no infinito de um suspiro apaixonado
usando lavas 
esperando no ócio
pelo momento exato de sentir a pele
da pessoa amada e desejada.

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