Matéria sobre os 103 anos de Contagem (MG), da revista "Viva Grande BH". traz entrevista de considerações a minha atuação cultural na cidade. Texto da matéria abaixo.
Cultura é bem mais do que a imaginação permite ser
Quem frequenta praças, teatro, cinema, assiste a shows, enfim, está minimamente ligado a ações culturais na cidade ou está um pouco mais antenado nas redes sociais, certamente conhece Jessé Duarte Baderna ou já ouviu falar deste ator, diretor, faxineiro, costureiro, carregador de cenários e adereços, e tudo mais na Cia. Crônica de Teatro.
Os alunos da professora Camila não perderam a chance de conversar com alguém que representa importante parcela do setor cultural, nem sempre completamente entendido e quase sempre não atendido em suas demandas, realidade em todos os cantos do país. A convicção do grupo que foi falar com Jessé Baderna é a de que produzir cultura não é fácil em lugar nenhum. Apesar dessa constatação, ele e um grupo de artistas e pessoas ligadas à cultura insistem na luta. “Bom, precisamos pensar novos caminhos que possibilitem a criação de uma identidade, não a de cidade dormitório e de imigrantes culturais. Desde 2009 com a fundação do Fórum Popular de Cultura discutimos formas de cobrar políticas públicas e de pensar caminhos coletivos e independentes para fazer algo mesmo diante da realidade de ausência de apoio. O que nos leva a agir assim é a necessidade de contrapor ao favoritismo de poucos. Hoje temos o principal festival da cidade, o F5, temos os grupos e artistas mais atuantes no movimento, e ninguém tem aceitado receber apoio em forma de favores. Cobramos editais democráticos, um órgão gestor e alguns resultados já são evidentes”, revela o artista.
O F5 citado por Baderna é o Festival de Cultura Independente de Contagem e é uma das maneiras encontradas pelo grupo para manifestar a busca e o resgate do sentido real do que é cultura. “Cultura se produz independente de qualquer coisa, ela se dá no convívio e a partir das relações entre as pessoas e o meio em que vivem. Dai, pensar a produção cultural independente é pensar que a arte não pode existir meramente com o intuito de ganhar dinheiro, mas sim, que o artista e a arte devem ganhar e ter subsídios para manutenção de sua produção. Isso perpassa por pensar a cultura enquanto direito social e portanto responsabilidade do Estado. É muito difícil, mas é possível produzir além do poder econômico, porque na realidade é a criação que pode se tornar uma mercadoria ou não. O que está em jogo para definir isso é como se dão as relações de trabalho. Por isso a cultura e arte devem ser pensadas como um direito assim como a saúde, educação, etc. Quem na realidade paga pelo trabalho dos profissionais da cultura é a população, através de impostos que o estado recolhe e administra. Na cultura é o contrário e mesmo sendo um direito o Estado deixa que ela se torne uma mercadoria e que o próprio artista perca sua independência produzindo para alcançar objetivos de mercado e não sociais, como garantir a democratização do acesso. Quanto mais o artista se prende aos processos mercadológicos, mais ele reproduz uma ideologia de consumo”, esclarece.
O F5 é um festival que se consolidou em suas três edições e ainda vem se consolidando numa dinâmica de aprendizado coletivo. É um grande laboratório prático de produção alternativa e mobilização da população em torno da cultura e da arte. “Este ano, na terceira edição, tivemos eventos lotados e dezenas de atrações, oficinas e seminários, atingindo regionais mais afastadas e promovendo uma vida cultural na cidade. O festival sempre deixa frutos, como o Apoema Sarau livre, Cine Sem Churumelas, Casa do Movimento Popular, Batalha da Glória, que são atividades e espaços voltados para cultura independente ao longo de todo ano. Hoje talvez o F5 seja o principal festival do gênero no Brasil, no que se refere a modo de produção e construção, sempre sem seleção e com o critério de participação para quem quer realizar alguma atividade no festival. O festival ainda tem uma característica interessante onde se tem grandes públicos para conferir o trabalho do artista local. Não é o artista consagrado quem atrai o público, mas a necessidade de reconhecimento e valorização da cultura local. essa talvez seja a maior vitória do festival”, comemora.
Matéria completa com mais informações sobre os 103 anos de Contagem em: http://www.vivagrandebh.com.br/materia/contagem-completa-103-anos
Cultura é bem mais do que a imaginação permite ser
Quem frequenta praças, teatro, cinema, assiste a shows, enfim, está minimamente ligado a ações culturais na cidade ou está um pouco mais antenado nas redes sociais, certamente conhece Jessé Duarte Baderna ou já ouviu falar deste ator, diretor, faxineiro, costureiro, carregador de cenários e adereços, e tudo mais na Cia. Crônica de Teatro.
Os alunos da professora Camila não perderam a chance de conversar com alguém que representa importante parcela do setor cultural, nem sempre completamente entendido e quase sempre não atendido em suas demandas, realidade em todos os cantos do país. A convicção do grupo que foi falar com Jessé Baderna é a de que produzir cultura não é fácil em lugar nenhum. Apesar dessa constatação, ele e um grupo de artistas e pessoas ligadas à cultura insistem na luta. “Bom, precisamos pensar novos caminhos que possibilitem a criação de uma identidade, não a de cidade dormitório e de imigrantes culturais. Desde 2009 com a fundação do Fórum Popular de Cultura discutimos formas de cobrar políticas públicas e de pensar caminhos coletivos e independentes para fazer algo mesmo diante da realidade de ausência de apoio. O que nos leva a agir assim é a necessidade de contrapor ao favoritismo de poucos. Hoje temos o principal festival da cidade, o F5, temos os grupos e artistas mais atuantes no movimento, e ninguém tem aceitado receber apoio em forma de favores. Cobramos editais democráticos, um órgão gestor e alguns resultados já são evidentes”, revela o artista.
O F5 citado por Baderna é o Festival de Cultura Independente de Contagem e é uma das maneiras encontradas pelo grupo para manifestar a busca e o resgate do sentido real do que é cultura. “Cultura se produz independente de qualquer coisa, ela se dá no convívio e a partir das relações entre as pessoas e o meio em que vivem. Dai, pensar a produção cultural independente é pensar que a arte não pode existir meramente com o intuito de ganhar dinheiro, mas sim, que o artista e a arte devem ganhar e ter subsídios para manutenção de sua produção. Isso perpassa por pensar a cultura enquanto direito social e portanto responsabilidade do Estado. É muito difícil, mas é possível produzir além do poder econômico, porque na realidade é a criação que pode se tornar uma mercadoria ou não. O que está em jogo para definir isso é como se dão as relações de trabalho. Por isso a cultura e arte devem ser pensadas como um direito assim como a saúde, educação, etc. Quem na realidade paga pelo trabalho dos profissionais da cultura é a população, através de impostos que o estado recolhe e administra. Na cultura é o contrário e mesmo sendo um direito o Estado deixa que ela se torne uma mercadoria e que o próprio artista perca sua independência produzindo para alcançar objetivos de mercado e não sociais, como garantir a democratização do acesso. Quanto mais o artista se prende aos processos mercadológicos, mais ele reproduz uma ideologia de consumo”, esclarece.
O F5 é um festival que se consolidou em suas três edições e ainda vem se consolidando numa dinâmica de aprendizado coletivo. É um grande laboratório prático de produção alternativa e mobilização da população em torno da cultura e da arte. “Este ano, na terceira edição, tivemos eventos lotados e dezenas de atrações, oficinas e seminários, atingindo regionais mais afastadas e promovendo uma vida cultural na cidade. O festival sempre deixa frutos, como o Apoema Sarau livre, Cine Sem Churumelas, Casa do Movimento Popular, Batalha da Glória, que são atividades e espaços voltados para cultura independente ao longo de todo ano. Hoje talvez o F5 seja o principal festival do gênero no Brasil, no que se refere a modo de produção e construção, sempre sem seleção e com o critério de participação para quem quer realizar alguma atividade no festival. O festival ainda tem uma característica interessante onde se tem grandes públicos para conferir o trabalho do artista local. Não é o artista consagrado quem atrai o público, mas a necessidade de reconhecimento e valorização da cultura local. essa talvez seja a maior vitória do festival”, comemora.
Matéria completa com mais informações sobre os 103 anos de Contagem em: http://www.vivagrandebh.com.br/materia/contagem-completa-103-anos
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