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Não sou da paz!

Não venham me marginalizar mais do que já sou. Sempre estive a margem de tudo nessa porra de cidade, nessa porra de estado, nessa porra de país colonizado. Não me venham querer calar o grito que vibra em meu peito com os atos contra a copa, com a resistência de jovens que não tendo como resistir ao aparato repressivo do estado (que custou milhões do nosso dinheiro público), quebram e destroem os símbolos de poder daqueles que mantém  ou regulamentam leis que nos oprimem. Sim, eles erram, as vezes quebram coisas desnecessárias. E você? Você é tão correto assim? Não destrói nada, não olha para bunda da mulher que passa ao seu lado num ato de machismo disfarçado? Não destrói a natureza, não vira a cara para o mendigo? Nunca concordou com um comentário sensacionalista de um jornalista que grita justiça pelas próprias mãos contra os "bandidos" sempre pobre, negros e negras? Você também na certa não é racista? Mas discorda de cotas! Não é homofóbico, mas não suporta um casal do mesmo sexo beijando na sua frente?

Tem um bando de hipócrita comentando o que posto no Facebook, que adora usar palavras bem taxativas, sem saber nem de ondem vêm as palavras ou de sua construção histórica. E é sempre contra quem se move de forma independente. Na boa, mesmo assim do meu jeito fudido, junto com meus companheiros fazemos mais do que muito político nessa cidade. Mas somos errados, reclamamos no lugar errado, na hora errada. Não adianta reclamar da colonização depois de mais de 500 anos? protestar na rua? não! Proteste nas urnas. Dizem! Mas quando eleito o politico faz tudo ao contrário, rouba e mata pela omissão de saúde de educação, diga-se de passagem, Contagem. Ai fazer o que? Esperar sentado mais quatro anos? Não. De quem se senta não vem revolta nenhuma. Como postou uma amiga minha, são tantas as posturas do jeitinho que o Léo Burguês e todo político gosta, bando de coxinha lambendo o cú da FIFA.

Porra, dia dos namorados e eu aqui escrevendo isso, deveria está entregue à alguém para amar, deitando e rolando na cama. Mas como vários lutadores, preferi de alguma forma, amar muitos e de uma vez só e trepar nas estruturas do sistema. Moralista!

Não me venham pedir palavras doces para falar de uma realidade amarga. Não venha me chamar de baderneiro, marginal. isso não me ofende. Alias, Baderna na Itália é um sobre nome, que no Brasil ganhou sentido negativo pelo fato da Bailarina Italiana Marietta Maria Baderna misturar passos de danças africanas com Balé e apresentar em teatros em pleno o Brasil escravagista. Os que apoiaram seu gesto, começaram a ser chamados de baderneiro. Então, sou Baderneiro mesmo com muito orgulho e história. Sou marginal por casualidade de uma realidade naturalizada que se legitima, mantendo à margem milhões de Brasileiros.

Pensando em tudo isso, quem acha Baderna algo negativo e marginal, acaba encontrando nisso outros meios de extravasar o racismo e o preconceito enrustido de cada dia!

Pronto desabafei! Feliz dia dos namorados para tod@s!

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