Pular para o conteúdo principal

Prefeitura de Contagem vai cobrar aluguel em espaços públicos. Visita em museu será paga.

Prefeitura de Contagem publica portaria determinando cobrança para o uso de teatros, galeria de arte e para quem quiser visitar a único museu da cidade. 


A prefeitura de Contagem acaba de publicar uma portaria que estipula preços de até R$ 600,00 para a utilização de espaços públicos. Não bastasse o absurdo que, explicitamente expõem uma lógica de privatização, a portaria estabelece preço de ingresso para quem quiser visitar o Museu Casa da Cultura Nair Mendes Moreira, além da cobrança para do Cine Teatro Tony Vieira,
que está abandonado e interditado há sete anos. 
A portaria parece uma piada de mal gosto ou mais uma nítida demonstração sobre como a área cultural é dirigida por pessoas cada vez mais despreparada, que não entendem a cultura como um direito e serviço público. Essa portaria afetará de forma grave aos artistas, mas também a população, pois estabelece critérios que permitem que o presidente da fundação de cultura altere a programação dos espaços quando quiser, sem diálogo ou encaminhamento de pauta à Câmara dos Vereadores que deve fiscalizar o cumprimento da lei 4647/13, que dispões sobre o Sistema Municipal de Cultura. Ou seja, mesmo com uma lei que regulamento a cultura como um direito, a prefeitura publicou uma portaria tratando de uma questão pública sob uma ótica privada. 


A portaria, que está pública no Diário Oficial de 13 de fevereiro de 2017, na página 22. Determina que: para a utilização do Teatro da Casa Azul, que não possui iluminação adequada para um teatro, será cobrado o valor de R$ 250,00 por dia; para o salão da Casa Amarela, que deveria ser uma galeria de arte, mas abriga a administração burocrática da fundação será de R$ 100,00; para visitações ao museu, R$ 5,00; e o mais absurdo, a cobrança de R$ 600,00 por dia para a utilização do Cine Teatro Tony Vieira que está fechado mais de sete anos, em condições precárias de abandono e interditado.

A cobrança para a utilização do espaço público, bem como, para visitação precisa ser questionada na Câmara dos Vereadores e na justiça, pois é autoritária. Regulamenta uma lei que foi minimamente debatida e aprovada em plenário, após muitos questionamentos da sociedade. A lei 4647, de 27 de dezembro de 2013 precisa ser aperfeiçoada, e não desrespeitada pela própria prefeitura.

A Fundação Municipal de Cultura parece se preocupar em jogar nas costas da população e dos trabalhadores da cultura, o que é de obrigação do Estado, sem garantir mínimas condições de trabalho para o setor e nem de acesso da população a este direito. Imaginem se fosse cobrado um valor para usar uma escola pública? Ou para usar um hospital público? Seria visto como um absurdo e como uma forma de impedir a população de ter acesso aos seus direitos. É isso que acontece ao ser cobrado para usar um espaço público cultural ou para se visitar um museu que, pelo contrário, deveria ter programas abertos para estimular e um contato da população com a memória da cidade. 

Ao mesmo tempo, em que se pública essa portaria absurda, a prefeitura e a fundação de cultura vão contra a Plano Municipal de Cultura. Só neste inicio de ano já deixaram de abrir o edital do concurso de marchinhas carnavalescas e deu foco a uma cervejaria como apresentadora do carnaval no município, e fez isso convocar a segunda reunião que se comprometeu com os blocos para decidir o medeio do carnaval local. Ainda não abriram o edital do fundo de cultura e continuam traçando planos para o setor cultural, sem dialogar com o setor cultural. Quantas outras surpresas desagradáveis e desrespeitosas teremos?








Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Jessé Duarte lança, Bichinho. Nova publicação artesanal

Cordel histórico sobre o único inconfidente negro a ter participado da conjuração mineira. E xemplares adquiridos antes do dia 09 de dezembro serão enviados após a noite de lançamento com dedicatória.  clique aqui para comprar É com grande prazer que anuncio mais uma publicação de minha autoria e confecção. Dando sequência a produção artesanal, no dia 09 de dezembro, realizarei o lançamento da obra, Bichinho, inspirada pela vivência e estudos sobre as histórias de uma comunidade no interior de Minas Gerais. Bichinho é um cordel com narrativa histórica sobre o único inconfidente negro a ter participado da conjuração mineira. A obra fala da trajetória de Vitoriano Veloso e da sua relação com o vilarejo conhecido como “Bichinho”. Sendo filho de escrava, alfaiate e mensageiro da inconfidência, por confrontar a colonização, ele acaba preso e recebe a pena adicional de desterro após ser açoitado em volta da forca de Tiradentes. Uma história pouco contada e quase perdida em me

Colorido só por fora: contos periféricos

Lançado em 17 de julho de 2015, na periferia de Contagem (MG). "Colorido só por fora: contos periféricos" reúne doze contos que narram o cotidiano da periferia mineira. Com uma proposta de obra interativa, a capa do livro pode ser colorida pelo leitor. Cada capa pode ser única, diferente e compartilhada no blog ou no facebook do autor. AUTOR: Jessé Duarte REVISÃO: Fabiola Munhoz ILUSTRAÇÃO: Rodrigo Marques PROJETO GRÁFICO: Gilmar Campos ORIENTAÇÃO: Filipe Fernandes EDITOR: Marcelo Dias Costa CLIQUE AQUI PARA COMPRAR ******* APRESENTAÇÃO Por Daniela Graciere Atriz, artista visual e pesquisadora cultural de Contagem (MG).  Um sentimento paradoxal me vem ao ler “Colorido-só-por- fora”. A beleza das palavras sobre algo triste da periferia, que por muitas vezes, não passa de ser a simples realidade encontrada sob uma ótica de um ator marginal. Alguns podem achar fatalista, no entanto, a fatalidade está escancarada na realidade que é pintada por

À Cidade de Contagem - Poesia

Cidade de Contagem? Quem conta essa cidade? Será mesmo uma cidade? O que se conta em contagem? O tempo do operário na produção o dinheiro desviado que não chegou na população? O que contam seus poetas cidade poluída? São loucos? Iguais trabalhadores na forja das dores na trova dos favores? Contam, que a cidade de faz de conta(gem) se perde dela mesma nas mãos de famílias e coronéis do trafico de influencias. Contam, que já não gritam nos piquetes. Silenciam a custo dos recursos do (sus)to da ameaça. Traficoronelismo das aparências mortais morais mentais. Contam, as horas nas filas dos hospitais os moradores desesperados. Desamparados desesperançados desacreditados. Que o politico disse que faria e não fez. Deixou pro próximo e o pai passou a vez. Herança maldita dos senhores do alho, do asfalto e das novas contagens que surgem da fumaça industrial. Embaçam a escravidão infantil. Oferecem abobrinhas para sanar a fome e educam com chaminés. Tir