Enquanto em Belo Horizonte as ruas estão lotadas e as praças abertas, em Contagem as praças estão cercadas com grades, catracas e grandes estruturas sem público. Será por quê?
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Praça do Sol na região do Nacional: foto de Deborah Fernandes |
Ainda no início do ano a Fundação Cultural de Contagem (Fundac) convocou uma reunião, divulgada em cima da hora, para discutir um modelo de carnaval de rua com os blocos locais. Após muitas dúvidas ficou-se acordado de que deveriam chamar outra reunião com mais antecedência para que outros blocos e interessados participassem e ajudassem a pensar um modelo de carnaval para a cidade.
Ao contrário disso, foi criado um grupo de Whatsapp entre algumas pessoas que estavam na reunião e as coisas foram acontecendo atropelando a ideia de um carnaval diverso, aberto e democrático. Apesar da fundação ter alegado que não havia recursos para se fazer um edital de apoio aos blocos e nem mesmo o concurso de marchinha, vem sendo gasto muito dinheiro com grandes estruturas para praças vazias, como: palcos, equipamentos de som alugados, cercas, seguranças particulares e até catracas. Quem produz evento sabe que o custo disso ultrapassa em muito o que seria necessário para manter o concurso de marchinhas, por exemplo. A empresa que aluga essas estruturas deve estar feliz da vida e, se bobear, apoio as candidaturas da atual gestão e está recebendo as recompensas.
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Praça da Glória no Eldorado. Foto de Robson Rodrigues. |
Fora isso, alguns blocos, como o Maria Baderna, saíram às ruas, sem apoio da prefeitura e sem uma valorização respeitosa ao que minimamente já acontece na cidade. O modelo que tentam impor em Contagem, de cima para baixo, cerceando o uso dos espaços públicos, está ultrapassado. Chegaram a dizer que se inspirariam em BH para fazer algo por aqui, mas não tiveram capacidade sequer de ouvir as pessoas que já fazem algo todo ano, chamando duas ou quantas reuniões fossem necessárias. Não tiveram a capacidade de manter o que já havia, que embora tivesse problemas, poderia ser readequado e melhorado. Não tiveram capacidade de criar um mecanismo transparente para contratação de shows. Tudo segue na lógica do favoritismo com uma aprofundamento na política de eventos. O achismo e o improviso do poder público, mais a arrogância em não ouvir contribuem em muito para o fracasso e desperdício de recursos mal investidos.Vergonha.
Independente da prefeitura, o carnaval de rua (R)existe, e crescerá na persistência, principalmente, quando mais e mais blocos de Contagem se antenarem para a necessidade de rompimento com a política de favores. É preciso dizer não a esses eventos promovidos pela prefeitura e reivindicar algo que respeite e dialogue com a cultura local em sua ampla diversidade, com perceptiva de continuidade. Chega de política de eventos.
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