O mar. Esfomeado mar. Engole refugiados. Desesperados, atormentados. Pelo vento que corta. Açoite nas águas profundas que correrem em ondas inteiras. Beijam a praia e voltam deixando na margem o que não se refugiará mais. Pedaços de pau da barcaça quebrada. Corpos tristes. Sem fome. Sem memórias. Sem sonhos. Sem vida. Sem nada. Almas imigrando de crianças brincam nas areias desertas do ser humano. Enquanto numa sala da ONU conchinhas são usadas para ouvir o barulho dos oceanos. Sem gritos de angolanos, haitianos, sírios, moçambicanos. Fecham as portas. Os olhos. Janelas do mundo. É só mais um dia de açoite do vento no mar. Tudo tão natural quanto o barulho de conchinhas em ouvidos de bilhões de dólares.
Lançado em 17 de julho de 2015, na periferia de Contagem (MG). "Colorido só por fora: contos periféricos" reúne doze contos que narram o cotidiano da periferia mineira. Com uma proposta de obra interativa, a capa do livro pode ser colorida pelo leitor. Cada capa pode ser única, diferente e compartilhada no blog ou no facebook do autor. AUTOR: Jessé Duarte REVISÃO: Fabiola Munhoz ILUSTRAÇÃO: Rodrigo Marques PROJETO GRÁFICO: Gilmar Campos ORIENTAÇÃO: Filipe Fernandes EDITOR: Marcelo Dias Costa CLIQUE AQUI PARA COMPRAR ******* APRESENTAÇÃO Por Daniela Graciere Atriz, artista visual e pesquisadora cultural de Contagem (MG). Um sentimento paradoxal me vem ao ler “Colorido-só-por- fora”. A beleza das palavras sobre algo triste da periferia, que por muitas vezes, não passa de ser a simples realidade encontrada sob uma ótica de um ator marginal. Alguns podem achar fatalista, no entanto, a fatalidade está escancarada na realidade que é pintada por...
Comentários
Postar um comentário