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Sobre a Marchinha Vai Trabalhar Jessé

Primeiramente peço desculpas a todos que se solidarizaram e não gostaram da marchinha que na realidade ironiza uma situação que aconteceu no ano passado, onde um blogueiro insatisfeitos como as críticas do Fórum Popular de Cultura a prefeitura de Contagem, utilizou minha imagem para sustentar a tese de que artista não trabalha. Peço desculpas porque a marchinha fez parte de uma tática que tivemos pelo receio de ter nossas letras censuradas novamente no Concurso da Prefeitura. Como não podemos fazer criticas aos absurdos do poder publico resolvemos fazer criticas a nos mesmos e gerar um boato na rede para ver se desta vez as criticas seriam aceitas.  

No ano passado todas marchinhas que fizemos (turma ligada ao Bloco Maria Baderna) foram censuradas por fazerem criticas ao poder público. Havia um artigo no edital dizendo que as letras poderiam ter temas livres ficando vetado criticas ao poder público ao a pessoas ligadas a ele. O argumento utilizado para defender essa medida foi de que era uma  preocuparão para resguardar que as pessoas sofressem algum tipo de preconceito ou criticas de cunho pessoal. 

Curiosamente entre e como se já não fosse absurdo suficiente censurar o conteúdo crítico das marinhas, veio desagradável surpresa sobre o conteúdo das músicas aprovadas pela fundação de cultura. Uma das marchinhas, chamada “Mulata tipo exportação”, de Edson Pereira tem um conteúdo extremamente machista e racista, incitando o tráfico de mulheres, com letra que diz: “Japonês caiu no samba e no meio da batucada conheceu uma mulata da boca prateada, do bumbum arrebitado, um corpo de violão. Japonês ficou maluco com a mulata rebolando no salão. Boca loca mais que bocão eu vou levar essa mulata pro Japão. Essa mulata é do tipo exportação.”Outra das marchinhas, chamada “Loirinha do BBB”, de Wilton Batata, tem a letra: “Eu fungo e ela funga, tambem gosto de beijar. Depois, eu fico de olho nela, no buraco da janela. So pra ver ela lavar (lavaro que?) lavar a roupa. Lavar o chão! Alô loirinha capricha no escovão. A loura ê bonita, gostosa e cheirosa. Com o seu vestido transparente cor de rosa. O sonho dela era entrar no BBB. Cuidado menina assim você vai me perder.” 

Se a nossa brincadeira influenciou ou não no resultado, não sabemos ao certo. Mas ê interessante observar que a postura contraditória gerou um efeito critico. 

No site da prefeitura podemos ler:
Já o terceiro lugar ficou com a marchinha que é uma homenagem a um importante ator de Contagem, Jesse Duarte. A composição de Allisson, o Chedinho, do Bloco Maria Baderna, também brincou com o preconceito contra o artista de rua. "Certa vez, num debate público em que Jessé participou, mandaram ele ‘ir trabalhar. É aquele velho preconceito contra os artistas. Ele é diretor de teatro, ator e já contribuiu muito para o desenvolvimento da cena independente aqui do município. Ou seja, um trabalhador da arte", ressaltou.Chedinho contou que dentro do grupo esse comentário infeliz virou uma piada e, este ano, resolveram brincar com ela na composição das marchinhas. "Eu inscrevi três marchinhas e me surpreendeu que tenha sido escolhida a mais irreverente". Allisson concluiu relembrando as tradições históricas das marchinhas. "A marchinha tem essa função de ser sátira e de ser arte. Porque composição é arte e a execução da música também é arte". (Fonte: http://www.contagem.mg.gov.br/?materia=470402). 

Agradeço a preocupação e a participação involuntária  em nossa sátira carnavalesca para Contagem, foi nossa forma de mostrar como a critica pode e deve ser aceita e livre, se tratando da expressão artística ou da opinião individual da cada cidadão.


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