Pular para o conteúdo principal

Hamelet por Berliner Ensemble


Foto de Lucie Jansch
http://www.berliner-ensemble.de/repertoire/titel/95/hamletbr-smallprinz-von-daenemarksmall

Ontem vivenciei a montagem de Hamelet do Berliner Ensemble, dirigida por Leander Haussmann, no Grande teatro Palácio das Artes (Belo Horizonte).

Fundada por Bertolt Brecht em 1948, o grupo se mantem firme até hoje. Mais de três horas de espetáculo, onde podia-se ver uma encenação que levou em consideração o mundo atual com suas contradições sociais e politicas. O violência conidiana, expressa em banhos de sangue, estava presente em cenas extremante dialéticas o tempo todo. Os atores e atrizes pareciam ter controle da cada gesto, de cada movimento no palco, como se buscassem dar um sentido para cada ação.

A pergunta de Hamlet, “ser ou não ser, eis a questão”, tem uma leitura extremamente materialista, levando em consideração a totalidade da peça e do mundo. Steffen Sünkel Dramaturgo do Berliner Ensemble deixa claro os pressupostos da obra de Brecht e do teatro épico presentes na montagem:  "...Será mais fácil suportar seu próprio destino, em outras palavras, a vida ou a morte? No exato momento em que Hamlet decide agir, não há espaço para dúvidas. Hamlet é também uma peça que nos mostra o quanto, de alguma maneira, você tem que assumir a responsabilidade por suas ações. Elas terão consequências e é preciso que você esteja ciente delas (...) Um pré-requisito essencial da obra de Bertolt Brecht tem sido sempre a mutabilidade do mundo. Nós, como seres humanos, não podemos deter poderes abstratos ou estruturas responsáveis pelas deficiências que estamos enfrentando, mas somos nós que criamos essas circunstâncias e, portanto, que podemos alterá-las". (em entrevista ao Jornal Estado de Manias)

O propósito de Bertol Brecht ao romper a barreira entre o palco e platéia não era apenas formal, tinha dentre tantas preocupações, a intenção de chamar o público para uma reflexão e uma ação, não sobre uma ilusão representada, mas sobre uma realidade refletida em cena. 

Montagem maravilhosa, foi bom ter os Berlinenses por aqui e ver que o teatro épico, critico, dialético está continua vivo e atual.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colorido só por fora: contos periféricos

Lançado em 17 de julho de 2015, na periferia de Contagem (MG). "Colorido só por fora: contos periféricos" reúne doze contos que narram o cotidiano da periferia mineira. Com uma proposta de obra interativa, a capa do livro pode ser colorida pelo leitor. Cada capa pode ser única, diferente e compartilhada no blog ou no facebook do autor. AUTOR: Jessé Duarte REVISÃO: Fabiola Munhoz ILUSTRAÇÃO: Rodrigo Marques PROJETO GRÁFICO: Gilmar Campos ORIENTAÇÃO: Filipe Fernandes EDITOR: Marcelo Dias Costa CLIQUE AQUI PARA COMPRAR ******* APRESENTAÇÃO Por Daniela Graciere Atriz, artista visual e pesquisadora cultural de Contagem (MG).  Um sentimento paradoxal me vem ao ler “Colorido-só-por- fora”. A beleza das palavras sobre algo triste da periferia, que por muitas vezes, não passa de ser a simples realidade encontrada sob uma ótica de um ator marginal. Alguns podem achar fatalista, no entanto, a fatalidade está escancarada na realidade que é pintada por...

Jessé Duarte lança, Bichinho. Nova publicação artesanal

Cordel histórico sobre o único inconfidente negro a ter participado da conjuração mineira. E xemplares adquiridos antes do dia 09 de dezembro serão enviados após a noite de lançamento com dedicatória.  clique aqui para comprar É com grande prazer que anuncio mais uma publicação de minha autoria e confecção. Dando sequência a produção artesanal, no dia 09 de dezembro, realizarei o lançamento da obra, Bichinho, inspirada pela vivência e estudos sobre as histórias de uma comunidade no interior de Minas Gerais. Bichinho é um cordel com narrativa histórica sobre o único inconfidente negro a ter participado da conjuração mineira. A obra fala da trajetória de Vitoriano Veloso e da sua relação com o vilarejo conhecido como “Bichinho”. Sendo filho de escrava, alfaiate e mensageiro da inconfidência, por confrontar a colonização, ele acaba preso e recebe a pena adicional de desterro após ser açoitado em volta da forca de Tiradentes. Uma história pouco contada e quase perd...

Apoema Sarau Livre: poesia pra quê?

Por, Jessé Duarte Este texto é uma contribuição reflexiva sobre uma ação cultural independente e seus desdobramentos para a cidade de Contagem, MG. Contagem produz mais do que fumaça, só é preciso olhar através do fuligem abandonada pelas industrias. Apoema, palavra da língua Tupi, significa: aquele que enxerga longe.  Apoema Sarau Livre e a realidade cultural de Contagem O “Apoema Sarau Livre” começou em 2013, tendo diante de si, o desafio de enfrentar as barreiras geradas por um contexto social marcado pelo abandono cultural histórico na cidade de Contagem. A população não encontrava opções de acesso a cultura, estabelecidas e desenvolvidas de forma continua. Quase sempre, restava apenas a escolha de migrar para Belo Horizonte em busca de alternativas.  Contagem, é uma das maiores cidades de Minas Gerais, sendo a terceira mais rica e contraditoriamente uma das piores em qualidade de vida. No campo da cultura, a realidade marcada pelas politicas de...