Mais uma vez a prefeitura de Contagem abriu um edital para blocos de carnaval e concurso de marchinhas. O edital dos blocos tem uma ajuda de custo de mil reais para cada bloco, e claro, mais uma vez dentro daqueles critérios do ano passado. O carnaval não será no carnaval porque nesse período os gestores públicos estão fora da cidade, viajando para pular carnaval na china, talvez! O percurso dos blocos participantes pode ser definido "livremente" desde que termine obrigatoriamente na Praça da Glória onde estará montado o grande palanque da prefeitura para fazer a foto final.
O concurso de marchinhas é uma outra questão, será que vão censurar as marchinhas como no ano passado? Para quem tem interesse em ser censurado ou de correr o risco de ter uma marchinha contraditoriamente premiada são 3.500,00 para o primeiro lugar, 2.500,00 segundo lugar e 1.500,00 terceiro lugar, sendo que, serão seis pré-selecionadas por uma comissão altamente capacitada, estas deverão ser apresentadas no "Teatro" da Casa Azul ou em local definido pela FUNDAC (Fundação de Cultura de Contagem) nesta apresentação acontecerá mais uma disputa, quero dizer, uma avaliação. Só então serão divulgada as três vencedores que ainda deverão se apresentar na Praça da Glória no dia do "desfile" dos blocos.
Na minha opinião, é perda de tempo participar deste pré-carnaval aparelhado, engessado e sobre uma ótica falida de evento. Ano passado o que vimos na Praça da Glória, foi um palco de brigas e confusões entre os "blocos" que caíram no joguinho de disputa ao invés de se unirem para fortalecer o carnaval de rua e a festa popular. No período oficial do carnaval, apenas o Bloco Maria Baderna saiu pelas ruas da cidade, em três dias diferentes e também nas regiões da periferia, foram percursos no Bairro Eldorado, na Vila da Paz até a feira do Bairro Amazonas na região do Industrial e na Ocupação William Rosa. No dia de saída do Eldorado houve um encontro com Move Cultura e foi só. Será que este ano os outros blocos irão aderir mais uma vez os discursos e promessas da prefeitura? Ou irão para a rua durante o carnaval?
É bom lembrar como foi o concurso de marchinhas também. Todas que faziam criticas sociais ao poder público local foram censuradas, com base num critério estabelecido em edital onde dizia que seria livre o tema das letras ficando defeso (vetado, censurado) qualquer uma que tivesse conteúdo critico ao poder público local ou a pessoas e instituições ligadas e ele. A medida segunda Renata Lima, presidente da fundação de Cultura em uma entrevista a radio CBN se fundamentava num argumentando de promover um resgate do carnaval tradicional primando pelos BONS COSTUMES. Argumentos bem parecido com os utilizados pela censura oficial no Brasil durante anos, para vetar canções e obras de arte durante um longo período de ditadura. Ainda segunda Renata, a medida seria para proteger as pessoas de letras preconceituosas, perincipalmente as mulheres.
No entanto, das marchinhas vencedoras, duas já traziam cargas de machismo e racismos nos nomes, além de incitar o trafico de mulheres para o Japão. LOIRINHA TIPO BBB fazia referencia a um modelo de mulher submissa e a serviço do homem que para ser conquistado precisaria muito mais do que alguém que cuidar do corpo almejando sucesso, segundo a letra a mulher deveria saber limpar bem o chão, caprichar no esfregão e no fogão. MULATA TIPO EXPORTAÇÃO ilustrava a ideia de uma mulher negra dançando no salão como estivesse se exibindo para um japonês (turista gringo no carnaval) que a levaria para o Japão.
Já o Bloco Maria Baderna que se inscreveu coletivamente com várias marchinhas que retratavam a realidade desvio de verbas na cidade, falta de acesso a saúde e acultura na cidade teve todas as letras censuradas inclusive algumas que não faziam criticas, apenas por serem escritas no nome de integrantes do bloco. Após denuncias e repercussão e até um processo movido contra a Fundac, as marchinhas preconceituosas foram desclassificadas e no lugar delas apareceram mais duas para completar a piada que em Contagem parece sempre vir pronta, ainda que não saibamos de onde, foram: "PRECONCEITO NÃO" E "MARIA DA PENHA".
Realmente torço para que este ano seja diferente. Mesmo não acreditando na atual gestão da cidade, em nada. É inaceitável o retrocesso histórico, cultural e de direitos que vivemos com reflexos inclusive num momento como o carnaval que deveria ser de festa popular, de criticas e sátiras como sempre foi e vive em todo Brasil um momento de resgate nas ruas.
Inspirado nestas contradições inscreverei algumas que deixo aqui a letra, será que passam?
Deixo também liques da entrevista de renata Lima a CBN e do Jornal o Tempo sobre a censura no ano passado.
Machinhas para o concurso
Vou a medida que forem concluídas
O DOUTOR FARIA
Doutor faria uma cirurgia
pra saúde do povo
pro João e pra Maria
Mas só sabia de fisioterapia
fez um transplantante milionário
sem usar anestesia
A dor sentida na população
dois hospitais abandonados
e menos um milhão
A contagem de história se repetia
vamos ter calma meu povo
que o doutor diz que faria
O doutor faria dois grandes hospitais
mas fez operação de um milhão de reais (bis)
EDITAL DA PREFEITURA 2014: CLIQUE AQUI
MATÉRIA SOBRE A CENSURA, JORNAL O TEMPO: CLIQUE AQUI
ENTREVISTA NA RÁDIO CBN: CLIQUE AQUI
O concurso de marchinhas é uma outra questão, será que vão censurar as marchinhas como no ano passado? Para quem tem interesse em ser censurado ou de correr o risco de ter uma marchinha contraditoriamente premiada são 3.500,00 para o primeiro lugar, 2.500,00 segundo lugar e 1.500,00 terceiro lugar, sendo que, serão seis pré-selecionadas por uma comissão altamente capacitada, estas deverão ser apresentadas no "Teatro" da Casa Azul ou em local definido pela FUNDAC (Fundação de Cultura de Contagem) nesta apresentação acontecerá mais uma disputa, quero dizer, uma avaliação. Só então serão divulgada as três vencedores que ainda deverão se apresentar na Praça da Glória no dia do "desfile" dos blocos.
Bloco Maria Baderna |
É bom lembrar como foi o concurso de marchinhas também. Todas que faziam criticas sociais ao poder público local foram censuradas, com base num critério estabelecido em edital onde dizia que seria livre o tema das letras ficando defeso (vetado, censurado) qualquer uma que tivesse conteúdo critico ao poder público local ou a pessoas e instituições ligadas e ele. A medida segunda Renata Lima, presidente da fundação de Cultura em uma entrevista a radio CBN se fundamentava num argumentando de promover um resgate do carnaval tradicional primando pelos BONS COSTUMES. Argumentos bem parecido com os utilizados pela censura oficial no Brasil durante anos, para vetar canções e obras de arte durante um longo período de ditadura. Ainda segunda Renata, a medida seria para proteger as pessoas de letras preconceituosas, perincipalmente as mulheres.
No entanto, das marchinhas vencedoras, duas já traziam cargas de machismo e racismos nos nomes, além de incitar o trafico de mulheres para o Japão. LOIRINHA TIPO BBB fazia referencia a um modelo de mulher submissa e a serviço do homem que para ser conquistado precisaria muito mais do que alguém que cuidar do corpo almejando sucesso, segundo a letra a mulher deveria saber limpar bem o chão, caprichar no esfregão e no fogão. MULATA TIPO EXPORTAÇÃO ilustrava a ideia de uma mulher negra dançando no salão como estivesse se exibindo para um japonês (turista gringo no carnaval) que a levaria para o Japão.
Já o Bloco Maria Baderna que se inscreveu coletivamente com várias marchinhas que retratavam a realidade desvio de verbas na cidade, falta de acesso a saúde e acultura na cidade teve todas as letras censuradas inclusive algumas que não faziam criticas, apenas por serem escritas no nome de integrantes do bloco. Após denuncias e repercussão e até um processo movido contra a Fundac, as marchinhas preconceituosas foram desclassificadas e no lugar delas apareceram mais duas para completar a piada que em Contagem parece sempre vir pronta, ainda que não saibamos de onde, foram: "PRECONCEITO NÃO" E "MARIA DA PENHA".
Realmente torço para que este ano seja diferente. Mesmo não acreditando na atual gestão da cidade, em nada. É inaceitável o retrocesso histórico, cultural e de direitos que vivemos com reflexos inclusive num momento como o carnaval que deveria ser de festa popular, de criticas e sátiras como sempre foi e vive em todo Brasil um momento de resgate nas ruas.
Inspirado nestas contradições inscreverei algumas que deixo aqui a letra, será que passam?
Deixo também liques da entrevista de renata Lima a CBN e do Jornal o Tempo sobre a censura no ano passado.
Machinhas para o concurso
Vou a medida que forem concluídas
O DOUTOR FARIA
Doutor faria uma cirurgia
pra saúde do povo
pro João e pra Maria
Mas só sabia de fisioterapia
fez um transplantante milionário
sem usar anestesia
A dor sentida na população
dois hospitais abandonados
e menos um milhão
A contagem de história se repetia
vamos ter calma meu povo
que o doutor diz que faria
O doutor faria dois grandes hospitais
mas fez operação de um milhão de reais (bis)
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