Não temos sombra, tivemos que vender. Só o trabalho não dava pão pra tanta boca. Tanta fome! Perdemos tudo um pouco por dia e a vida se vai em tempo que é dinheiro. Não resta nenhum rastro de memória do que vivemos ou plantamos no mundo. Para muitos, a vida tem sido assim. Para uns poucos, o frescor de nossas sombras, a segurança de que não poderemos encontrar o rumo de um outro mundo, sem lembrar quem somos e nem do que mudamos produzindo o ontem. E assim, nosso trabalho se perde. Sem sentido.O sol a pino arde e sem nenhuma sombra, bebemos a água que pagamos para repor o suor que derramamos. Espremidos pelo tempo alienado, a vida escorre pelas nossas mãos.